sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uivos

Hoje acordei esperando a noite vir.
Subi a colina e lá permaneci, esperando a noite e o nascer lento da lua. Fiz a fogueira e fiquei observando o nada e pensando no antes e de como as coisas eram fáceis.
Observando, percebi que fui ultrapassado pela falsidade, inveja, ignorância e indiferença daqueles que um dia seguiram o mesmo caminho.
Não senti raiva, nem ódio, nem vingança, apenas ficou ali parado, olhando o nascer dela, espreitando e admirando o grande círculo surgir em meio as montanhas infinitas.
Fiquei pensando nas máscaras que se caíram, máscaras que jurava não existir.
Não deixei de ser quem eu fui, mas sei que não posso mais doar as indagações e esperar a compaixão daqueles que não sabem o que significa o verdadeiro valor, quem sabe?
Entendi muitas coisas naquela noite. Às vezes a solidão vale muito mais do que o assassinato da confiança.
Compreendi também que nada do que foi feito antes terá influência nas atitudes do agora. O que era antes se tornou apenas pó. Tão frio quanto o gelo.
Aprendi que um uivo não é compartilhado, e sim, jogado como um suspiro dos sentimentos aglutinados, da tristeza e da indignação.
Ao fechar os olhos, ouvindo o Uivo, subi ao topo da colina, subi ao topo do céu e dancei a dança dos lobos.